domingo, 17 de janeiro de 2021

 

EDITORIAL do COMENDADOR.


(O texto foi publicado orignalmente no FACEBOOK, de madrugada, horas antes de a ANVISA dar autorização para o uso da vacina e início da vacinação

O título, talvez estranho, é porque também sou conhecido no Face como "Comendador")

EDITORIAL do COMENDADOR.

É inacreditável a cegueira política de Jair Messias Bolsonaro. A gravidade da pandemia deu-lhe uma oportunidade de ouro de liderar a salvação da pátria, sem contar a consolidação de um nome forte em 2022. 

Mas Jair Messias Bolsonaro é cego porque não soube ou quis ver. Não quis ver as evidências científicas mais que propaladas de que a doença, pra começar, era pandêmica, mundial. Não quis ver que a pandemia trazia, no curto prazo, uma tragédia social e econômica. Os principais lideranças mundiais o perceberam, algumas de imediato, outras cairam em si ao vislumbrarem o desastre à sua porta, e deram meia volta.

Não Jair Messias Bolsonaro. Desde o início respondeu com desprezo. Desde o início a doença - grave - era uma "gripezinha", uma bobagem. Fez questão de dizer que lamentava, mas não se sentia culpado pelas mortes. Fez questão de dizer que a pandemia era tão-somente um "vírus chinês", uma conspiração mundial dirigida pela China. Ao invés de se mirar num Macron ou Angela Merkel, espelhou-se em Donald Trump, o pior de todos os presidentes dos Estados Unidos. 

Mas Jair Messias Bolsonaro foi além. Demitiu o ministro Mandetta que procurava fazer um bom trabalho esgrimindo contra as fantasias da Cloroquina. Outro ministro, Teich, não aguentou e largou o jaleco, ao perceber que teria que ser um fantoche da estupidez científica e política do chefe. Finalmente confirmou Pazuello, este sim, o ministro perfeito: apesar do generalato, comporta-se como um cabo que não questiona ordens superiores. 

A cegueira de Bolsonaro não fica só nisso. Fez de tudo para atrapalhar as iniciativas de governadores, notadamente o de São Paulo. Bolsonaro queria ter o controle de tudo, mas não queria fazer nada. O STF teve que intervir e dizer que, sim, os governadores poderiam tomar iniciativas em prol da saúde da população. O presidente viu nisso um insulto a sua autoridade. 

A ANVISA também sucumbiu à cegueira do presidente. Aparelhada por militares, fez a sua parte, obstruindo ou retardando, o que é público e notório.

Pessoalmente, Bolsonaro demonstrou total desprezo pelo bom senso. Pra que andar de máscaras? Pra que evitar aglomerações? As mais comezinhas medidas de proteção antes da vacina foram solenemente ignoradas __ e todas elas com o aplauso ignorante de seus seguidores. Aliás, neste tocante, frise-se: Bolsonaro sempre foi fiel a seus seguidores, os ignorantes, e estultos negacionistas.

Em dezembro, Europa e Estados Unidos começaram a vacinação. O que fez Bolsonaro? Ficou inerte, nessa altura uma inércia criminosa. Quando viria a vacina? Não sabia, talvez lá pra fevereiro, março, sabe-se lá..., as pessoas poderiam virar jacaré e ele não queria se responsabilizar por isso. Muito amor envolvido...

Mas a realidade foi cruel e não esperou a indecisão presidencial. As mortes continuaram ocorrendo. O presidente arranjou um tempinho para nadar com seus fãs, mas a morte continuou atenta... Os cadáveres se amontoam nos hospitais; mais covas são abertas; faltam até caixões...

Tendo que se render à realidade (ufa! finalmente!) ficou com pressa. Mandou um avião à Índia: levou uma trombada de Ganesha. E agora? Agora, não tinha mais jeito: requisitou milhões de doses da vacina de São Paulo, aquela pela qual lutou o "calça apertada", porque, AGORA, quer ser o primeiro a iniciar a vacinação. Mas..., tem plano de vacinação? Mais ou menos, ou seja, tudo aquilo que a cegueira política engendra: com falta de agulhas e seringas, com falta de vacinas para todos, enfim, todo um conjunto de incompetência criminosa. Mas, o ministro-general não é expert em logística? Coloco em dúvida a expertise...

Estamos furiosos e apreensivos __ pelo menos nós que não acreditamos em fantasias.

 Jair Messias Bolsonaro poderia se qualificar como um "mito", mas dolorosamente percebemos que se trata de uma estulta farsa.

Jorge Santos da Viriato

17/01/2021.

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