segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A REVOLUÇÃO dos IDIOTAS que fazem o jogo do inimigo...


A REVOLUÇÃO dos IDIOTAS que fazem o jogo do inimigo ... 

Uma análise do que está em jogo no Brasil atual 


Revolução dos idiotas 1 – PT faz direita CHUCRA zurrar de prazer

Não me oponho ao PT só porque a Lava Jato revelou que aquilo era um valhacouto. Criei o termo “petralhas” antes de Lula vencer a disputa pela primeira vez



Todos os movimentos políticos, de caráter revolucionário ou reformista, têm sempre de lidar com dois grupos de pessoas relativamente perigosos, que atuam em parceria: os oportunistas e os idiotas — sendo estes, obviamente, manipulados por aqueles. E é claro que estão em todos os lados da porfia: à direita, à esquerda, centro, acima, abaixo. Idiotas e malandros são tipos universais.

Os oportunistas enxergam na luta política só uma maneira de obter vantagens, e os idiotas atuam sem levar em conta ações táticas e escolhas estratégicas. Como não têm um diagnóstico da realidade — vale dizer: não entendem o que está em curso —, o seu prognóstico apela ao irrealizável. Está dada a questão de fundo. Agora vamos ao ponto: esquerdistas dos mais variados matizes, neste momento, cavalgam a direita CHUCRA e tentam encontrar o caminho da volta ao poder. É claro que eu explico. Mas, antes, é preciso complicar mais um pouco.

Por que Dilma foi deposta?


Para que o leitor não se perca em devaneios, é preciso que dê a si mesmo uma resposta — se é que está entre aqueles que defenderam o impeachment de Dilma e foram às ruas. Se aquele que me lê agora é um esquerdista, dispensa-se o exame de consciência: basta continuar cavalgando a direita CHUCRA.

Sim, eu era favorável ao impeachment. Era a opinião de um cidadão. Está documentado, fui o primeiro jornalista da grande imprensa a sustentar que Dilma tinha um encontro marcado com a deposição. Eu o fiz num vídeo para a Jovem Pan antes da reeleição de 2014. E por que eu quis o impeachment? Bem, do ponto de vista jurídico, porque a então presidente cometeu crime de responsabilidade. Do ponto de vista político, porque estava conduzindo o país à ruína econômica. E que papel jogou aí a corrupção? Vamos ver.


O PT de 2016 não era mais corrupto do que o de 2005. Aliás, em razão das investigações já em curso, deveria ser até menos. Naquele ano, quando explodiu o mensalão, será que uma denúncia contra o presidente Lula teria recebido o apoio de dois terços da Câmara? Resposta: não! Com a economia em crescimento e com as camadas populares razoavelmente satisfeitas com o governo — tanto é que Lula se reelege com facilidade em 2006 —, uma proposta assim teria sido rechaçada. A esmagadora maioria deu de ombros para a corrupção, eis a verdade, e escolheu o que considerava ser a estabilidade, com ampliação de benefícios sociais. Pobres daqueles que ousavam dizer, como fazia certo Reinaldo Azevedo: “Esse modelo vai nos conduzir ao colapso”. Vinha porrada de todo lado!

Eu queria o PT fora do poder em razão dos seus corruptos? Também. Mas fosse esse o critério exclusivo, seria o caso de propor a extinção do estado.  A corrupção é um dos elementos que me fazem ser vigilante contra qualquer partido, mas eu quis o impeachment de Dilma porque: – ela cometeu crime de responsabilidade; – ela conduzia o país à ruína econômica; – O PT, esquerdista que é em essência, assaltava também a institucionalidade, não apenas os cofres.

ATENÇÃO PARA ISTO: O PARTIDO QUE LEVOU DILMA ROUSSEFF A COMETER CRIME DE RESPONSABILIDADE — E SÓ POR ISSO ELA CAIU — NÃO FOI O PT LADRÃO DO CAIXA, MAS O PT LADRÃO DE INSTITUIÇÕES.

Ora bolas! Eu não me opus e não me oponho ao PT só porque a Lava Jato revelou que aquilo era um valhacouto. Criei o termo “petralhas” antes de Lula vencer a disputa pela primeira vez, em 2002. Eu denunciei a natureza autoritária e aparelhista dos companheiros quando ainda tinham fama de honestos. Ou você que me lê seria um petista se lá só houvesse santos? Eu não seria. Então a corrupção é irrelevante? A pergunta é estúpida. É claro que não. A honestidade é um imperativo.

Por que isso tudo? Porque, e outros textos vêm na sequência, a direita CHUCRA está assanhada. Esses tontos já deram um trabalhão no ano passado. Ora desafiados por esquerdistas e manipulados por oportunistas e teóricos da conspiração, os CHUCROS querem tomar às ruas, agora tendo como alvo o governo Temer.

As esquerdas largam o chicote no lombo da direita burra, e esta sai por escoiceando manifestos.

Revolução dos Idiotas 2 – Esquerda exige direita CHUCRA nas ruas 
Alô, direitistas CHUCROS! Janio de Freitas e outros esquerdistas os esperam na praça. Afinal, vocês são ou não contra a corrupção e a favor da Lava Jato?



Seria até engraçado se o que está em curso não beirasse o melancólico. As esquerdas, ora vejam!, estão a cobrar daqueles que apoiaram o impeachment de Dilma: “Por que vocês não estão nas ruas?”. E sabem o que é curioso? A direita cavalgada já fala em marcar data para protestos. A pauta exala aquele moralismo rombudo, que chamo de “túmulo da moral”: – em defesa da Lava Jato (ela está sob risco)?; – contra Moreira Franco ministro; – contra o “foro privilegiado”; – pela diminuição do número de deputados e senadores; – que todos os acusados e investigados deixem o governo imediatamente…

O colunista Janio de Freitas, um crítico do impeachment mais duro do que qualquer petista, não perde tempo em seu texto de domingo. Lá se pode ler:

“Agora ficou mais fácil compreender o que se tem passado no Brasil. O poder pós-impeachment compôs-se de sócios-atletas da Lava Jato e, no entanto, não há panelaço para o despejo de Moreira Franco, ou de qualquer outro da facção, como nem sequer houve para Geddel Vieira Lima. Não há panelaços nem bonecos inflados com roupa de presidiário.

Logo, onde não há trabalhador, desempregado, perdedor da moradia adquirida na anulada ascensão, também não há motivo para insatisfações com a natureza imoral do governo. Os que bancaram o impeachment desfrutam a devolução do poder aos seus servidores. Os operadores políticos do impeachment desfrutam do poder, sem se importar com o rodízio forçado, que não afeta a natureza do governo.

Derrubar uma Presidência legítima e uma presidente honesta, para retirar do poder toda aspiração de menor injustiça social e de soberania nacional, tinha como corolário pretendido a entrega do Poder aos que o receberam em maioria, os geddeis e moreiras, os cunhas, os calheiros, os jucás, nos seus diferentes graus e especialidades.”

Notaram? Janio é, a seu modo, honesto intelectualmente, embora bem menos com os fatos. Seu texto não esconde a contrariedade com a queda de Dilma, ignora os motivos reais da deposição e expõe sua leitura: os defensores do impeachment queriam mesmo era pôr fim ao governo que reduzia as desigualdades sociais e defendia a soberania. Logo, os que nos alinhamos com a queda de Dilma queremos um país socialmente mais injusto e somos entreguistas. Em suma, somos pessoas más. Janio e os petistas são bons.

Muito bem! O colunista deixa claro quão desprezível somos e registra o que chama “ausência de panelaços” e “bonecos infláveis”… Bem, mas por que haveríamos de ser nós, os pró-impeachment, a fazê-los? Não existem as esquerdas para isso?

Aí o liberal leso e o direitista que zurra consideram: “É! Ele pode estar certo. Afinal, somos contra a corrupção de todos os partidos e governos…”.

Sim, somos! E é claro que queremos o cumprimento da lei. Felizmente, Lava Jato e tribunais atuam sem quaisquer restrições que não estejam previstas em lei. Na verdade, ignoram até as que estão, não é mesmo?

Venham cá: a natureza desse governo que aí está é, em alguma medida, semelhante ao governo Dilma, que foi deposto? Sem crime de responsabilidade, reitere-se, ela não teria caído. Mas também não teria caído só com ele. Para Dilma cair, foi preciso:

– quebrar o país;

– conduzi-lo à maior recessão de sua história;

– transformar o Congresso num mercadão;

– substituir a agenda do país pela agenda do partido;

– o PT ver desmoralizada a sua fama de monopolista da virtude.

Já manifestei aqui a minha satisfação por Dilma ter cometido crime de responsabilidade. Sem ele, estaríamos condenados ao desastre. Sem ele, Janio estaria aplaudindo a presidente honesta a dançar sobre o caos.

Em suma, os idiotas estão caindo na conversa das esquerdas, que agora querem comparar um governo com muitos problemas, sim — mas que nos deu uma perspectiva de futuro ao menos —, com um outro que nos conduzia à ruína.

Alô, direitistas CHUCROS! Janio e outros esquerdistas os esperam na praça. Afinal, vocês são ou não são contra a corrupção e a favor da Lava Jato?


 Revolução dos Idiotas 3 – Discurso da Lava Jato absolve o petismo
Bem, queridos, diz aquela máxima que o diabo é diabo porque é velho, não porque é sábio. Já vivi um tanto. E, bem, não sou assim tão burro. Por que isso?

Alguns trouxas sustentam que só passei a ser crítico da Lava Jato depois que outas siglas, além do PT, entraram na mira. É uma besteira das grossas porque nunca chegou a haver essa atuação exclusiva. Desde os marcos iniciais, três legendas pareciam ter centralidade na coisa: além do PT, também o PMDB e o PP. Logo, nem mesmo existiu esse tempo, esse período histórico.

Tudo o que escrevi ou falei está na Internet. Pode ser consultado — ousaria dizer mais: DEVE SER CONSULTADO. Aplaudi todos os acertos da operação; asseverei a sua necessidade; defendi a sua independência. MAS EU SOU JORNALISTA, NÃO MILITANTE POLÍTICO. Também aponto seus erros, seus desmandos, seus exageros. E eles existiram e existem.

O maior de todos os defeitos da operação é a paixão de procuradores pelos holofotes e a frequência com que ignoram marcos legais. Como são aplaudidos pela esmagadora maioria da imprensa e por grupos que militaram em favor do impeachment, passaram a ver a si mesmos como seres acima do bem do mal. Mas esse é um registro lateral. Não é matéria deste texto.


Desde o começo, chamo atenção para o fato de que a operação nega o caráter do PT — aquele que me levou ao combate há mais de 25 anos — e serve como tribunal de inquisição e condenação de todo o processo político. Poucos atentam para essa sutileza importante. Ora, nunca ninguém atribuiu ao PT o papel de monopolista da corrupção. Isso é mentira! Aliás, o difícil era o contrário: a gente convencer as pessoas de que também petistas eram corruptos.

Ora, que bom seria se a Lava Jato tivesse nos conduzido hoje à constatação de que precisamos de um regime de governo que impeça o estado de ser assaltado por um partido. E estaríamos debatendo parlamentarismo. Que bom seria se a Lava Jato tivesse nos conduzido à constatação de que uma sigla só consegue privatizar o estado porque há estatais demais no Brasil. E estaríamos debatendo privatizações. Que bom seria se a Lava Jato tivesse nos conduzido à constatação de que o PT reestruturou, organizou e disciplinou a corrupção porque se constituía como estado paralelo.

Isso, no entanto, infelizmente, se perdeu em meio a esse berreiro promovido por procuradores, direita CHUCRA e oportunistas, segundo os quais está em curso um grande complô para pôr fim à operação. Quanto menos evidências há, mais os convictos se assanham.

“Mas e o famoso PowerPoint do Deltan Dallagnol? Não dava conta justamente dessa centralidade do PT?” Com a devida vênia, aquela foi uma peça de propaganda — como a todos resta evidente — que buscou, pela via das ilações, demonstrar que Lula sempre foi o grande comandante. Pode até ser que tivesse mesmo a palavra última. Mas também o ex-presidente era e é peça de uma engrenagem, de um sistema. E ele se chama “PT”.

A propósito: o sistema está mesmo todo corrompido, como sustentam hoje membros da Lava Jato e setores da imprensa, com uma grande conspiração envolvendo PMDB e PSDB? Mas esperem: e o PowerPoint? Tucanos e peemedebistas estariam tentando se livrar do enrosco com um esquema de que Lula era o chefe?

Há tantas teorias conspiratórias em curso que as pessoas já não sabem a qual aderir. Na dúvida, ficam com todas.

O fato é que a Lava Jato está devastando o processo político — e ainda voltarei a esse particular —; poupando os bacanas que fizeram lambança e que decidiram dar com a língua nos dentes (também falarei mais a respeito) e nos empurrando para o colo das esquerdas em 2018.

Os oportunistas ficam felizes porque podem especular ainda mais.

E a direita CHUCRA se oferece para levar a espora da esquerda. Que coisa linda!


Revolução dos Idiotas 4 – CHUCROS pavimentam volta das esquerdas
A imprensa, com raras exceções, não ajuda muito. Vê inerme um tribunal de segunda instância a jogar no lixo a Constituição e dá de ombros



Três coisas assombrosas surgiram neste fim de semana na tela do meu celular. Uma delas tem o nome de “Carta Aberta do Povo Brasileiro ao Presidente Michel Temer”. E é assinada pelo… povo brasileiro!!! Huuummm. Embora tente falar uma linguagem conservadora, recende a carniça. Certamente é coisa de urubus de esquerda:

– questiona a legitimidade de Michel Temer;

– acusa-o de ser beneficiário do mesmo esquema de Dilma;

– acusa Temer de ser tão aético como Lula e Dilma;

– diz que Moreira Franco ministro está para Lula ministro;

– ataca a indicação de Alexandre de Moraes para o STF;

– acusa o PMDB e PSDB de responsáveis por grandes males que há no Brasil;

– fala de uma suposta intenção de Temer de nomear Renan Calheiros para o Ministério da Justiça;

– pede o fim imediato do foro privilegiado.

Muito bem! E o texto traz uma ameaça: a retomada das manifestações.

Outro “documento” chega na forma de uma pauta — esta, de fato, tem um cheirinho inequívoco de direita CHUCRA. Convoca um protesto. A pauta tem delicadezas como a redução do número de deputados e senadores. Os políticos, o texto evidencia, são os principais inimigos do povo.

A terceira coisa espantosa é um vídeo em que se sustenta que há uma grande operação em curso para acabar com a Lava Jato. Seus principais personagens seriam Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado; Renan Calheiros (AL), líder do PMDB na Casa; o ex-senador José Sarney (PMDB-MA) e Edison Lobão (PMDB-MA), guindado à Presidência da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que é aquela que sabatinará Alexandre de Moraes, indicado por Michel Temer para o Supremo,

Toda essa gente está mancomunada, sustenta o vídeo, para asfixiar a Lava Jato. Mas há um detalhe estranho. Não se diz nem ali nem em lugar nenhum o que cada um deles pode fazer contra a operação. Fica aqui o desafio. Por que não se diz?

Aliás, faz-se escarcéu gigantesco porque Moraes vai para o STF. Ora, o petrolão será julgado pela Segunda Turma. Apenas presidentes de Poder estão submetidos ao pleno. Mais: Moraes será revisor do processo, sim, mas no pleno — fatia mínima da coisa.

Mistificação.

Conversa mole.

Terrorismo político.

E, ora vejam, lá está a direita CHUCRA a cumprir o seu papel histórico: ser cavalgada pelas esquerdas.

A imprensa, com raras exceções, não ajuda muito. Vê inerme um tribunal de segunda instância a jogar no lixo a Constituição e dá de ombros. A institucionalidade que se dane!

Ora, é claro que nada disso é irrelevante. É claro que isso tudo tem um custo. Exacerbar a crise política — na contramão de uma melhora na economia — atende, obviamente, a um propósito: tentativa de deslegitimar o governo Temer, o que abrirá uma vereda e tanto para as esquerdas.

Não! O caso Moreira não é igual ao caso Lula. É mentira! Vamos ver o que diz Celso de Mello.

Não! Alexandre de Moraes não é uma peça para interferir na Lava Jato. Temer poderia ter nomeado o relator. Decidiu não fazê-lo.

Não! Eunício, Renan, Sarney ou qualquer outro político nada podem contra a Lava Jato.

E não! Não há conspiração nenhuma contra a operação.

A única conspiração em curso no Brasil é a mesmo a dos idiotas imodestos.

Sim, ainda vem mais coisa sobre os CHUCROS e oportunistas.

Autoria de REINALDO AZEVEDO, 13/02/2017

No texto original, grafava-se XUCRO e não CHUCRO. Como ambas são aceitas pelos dicionários, preferi CHUCRO, já que vem do espanhol CHÚCARO, que significa "bravio", "brabo" etc