quarta-feira, 1 de abril de 2015

ESBOÇO de AUTOBIOGRAFIA: vou escrevendo do que eu for me lembrando...




ESBOÇO de AUTOBIOGRAFIA: vou escrevendo do que eu for me lembrando...


Nasci no dia 28 de outubro de 1951 na Maternidade Carmela Dutra, Lins de Vasconcelos, à época chamada de "Suíça brasileira" pelo bom clima e casas de saúde que ali se localizavam.


A referida matermidade localiza-se na também chamada Boca do Mato, deixando-me a dúvida se devo me considerar um suíço ou um bugre. Enfim...


Fui um bebê colossal, quase 4 kg e 55cm de comprimento, o que explica minha alta estatura. Também explica o que meu pai diria mais tarde: "este menino come muito".


Nasci muito claro de pele, embora de minha certidão constasse pardo, o que já antevia a condição de um gato, coisa  com que nenhuma menina do primário, ginásio ou científico concordou. Meu pai ficou espantado: "menino muito branco...", mas minha mãe não lhe deu confiança e disse que era filho dele mesmo... Posteriormente, lhe foi explicado que o pai dele era português, branco: meu pai não estudou muito e não sabia o que era genética...


Até os dois anos de idade há uma grande lacuna em minha vida: não me lembro de nada, só podendo contar o que vi em poucas fotografias. Numa delas, com 6 meses, estou no colo de minha mãe; em outra, sentado no troninho ladeado por duas primas; em mais uma é a pose clássica tirada por fotógrafo profissional: sentado numa bancada, perna direita dobrada sobre a coxa esquerda e sério.


Sei que cursei o Jardim no Círculo Operário São José, rua Divino Salvador, anexo da igeja do mesmo nome, Piedade. Usava um avental branco e uma bolsa de pano com alça atravessada no corpo. Lá devo ter aprontado... Certa ocasião, uma das freiras, Irmã Veronice, me pegou pelo braço e me  levou para o quarto escuro. Não fiquei, mas foi um belo susto... O detalhe que guardo da freira é que ela tinha os dentes muito amarelos...

A outra irmã, de cujo nome não me lembro, era uma negra. Numa determinada aula, ela explicou: do lado esquerdo (apontando braço esquerdo) é o Mal, é o Demônio; do lado direito (idem braço direito) é o Bem, Deus...


(Até hoje não sei se era aula de religião ou política...)


O guri que aprontava se borrava de medo quando ouvia trovoada, tendo que minha mãe mandar minhas primas me buscarem para eu não chorar... Quem geralmente me levava e buscava na escola era minha prima Silvinha, a quem eu não respeitava muito,  correndo na frente ou dando-lhe pontapés...


Finalmente, em 1957, me formei. Usei uma beca modesta e um capelo, ambos brancos. Minha prima Elizete me deu o anel de formatura e  um beijo. Minha mãe contou-me depois que lá no palco o filho dela lhe fez passar vergonha ficando torto, como que descansando em pé.


O diploma recebido __ sim, tinha diploma!__ vinha assinado pela Irmã Veronice, a dos dentes amarelos, e se esfarelou com o tempo. Já o anel de formatura teve um fim mais rápido: mordi amassando ele todinho...


Como não tinha ainda 7 anos de idade, minha mãe me colocou numa escolinha com uma professora leiga, a Dona Florinda, para aprender a ler e escrever. Aprendi, mas lá aprontei também, claro...


Mexia com todo mundo. Tinha uma guria lá, mais velha, a quem chamava de "burra"__ era burrinha mesmo, bem como os irmãos mais velhos dela. Não sei o motivo, mas uma colega de nome Nanci me jogou um lápis de ponta fininha no rosto: cravou na pálpebra direita e quebrou, ficando um pedaço lá. Uma ocasião soltei um pum bem sonoro do ladinho da professora. Ela reagiu: "seu porco!"; escrever 100 vezes "não devo fazer porcaria em sala de aula". Lembro-me também de um colega de nome José Artur que soltava peido com cheiro de alho...


Ao final de 1958, já com 7 anos completos, fiz uma provinha para ingressar na escola pública. Passei bem. Entrei direto na 2ª série da Escola Municipal João Kopke, onde estudei de 1959 a 1962.

 

JORGE, O DA VIRIATO

02/04/2015




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