DOIS
PONTOS: Muito além de 140 caracteres (2)
Se em algum momento eu escorregar e falar merda, é porque li
hoje uma declaração de Luciana Genro nas redes sociais. Considero-a horrível;
pior do que Bolsonaro, já que este não engana ninguém e ninguém se engana com
ele; mas Dona Luciana...
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Hoje é uma Sexta-feira Santa tranquila ou Sexta-feira da
Paixão tranquila, mas não era assim em minha infância.
Semana Santa era o
horror, o medo, o pavor, não dormia direito. Aquelas imagens de Cristo
crucificado, ensanguentado, maltratado me incomodavam e me deprimiam. Hoje acho
até graça, mas na época era puro pavor, repito. Aquelas procissões de Jesus
morto, panos roxos, o sofrimento da imagem de Maria. Tétrico.
Acho que tudo começou aos 5 anos de idade quando minhas
primas mais velhas me levaram pra ver um filme da Vida de Cristo. Estava no
colo de uma delas e sei que chorei muito. Guardo na memória Cristo levando a
cruz e sendo chicoteado pelos soldados; o golpe que Pedro deu num dos soldados
e Jesus estancando o sangramento. O fato é que a aproximação da Semana Santa me
deixava no chão. Era feriado, não tinha escola, mas não era uma maravilha.
Rádios só com música sacra; televisão só filmes ou dramas sobre Cristo ou nos
tempos de Cristos ou vida de santos, coisas assim. As igrejas eram fúnebres.
Para piorar, ainda tinha que comer peixe... grrr!
Para completar o dia santo em seu horror, a Rádio Nacional
apresentava, de manhã à noite, a Vida de Cristo. De manhã, era o nascimento,
estrela de Belém, Reis Magos, a dificuldade Maria e José arranjarem lugar para
ficar... ; de notinha, a crucificação, o bater de pregos na cruz, o choro de
Maria, a zombaria a Cristo, o bom ladrão e a morte... seguida da ressurreição e
uma mensagem de esperança. Ah! acabava a minha tortura. Era hora de comer
canjica...
O trauma da Vida de Cristo foi bem profundo. Lembro-me de
certa vez me falarem que nas escolas poderiam ensinar "história
sagrada": não gostei, me lembrei das cenas da Paixão. Aos 10 anos, minha
madrinha Odete levou eu e meu primo
Jorge ("Jorginho", para não confundirem com o outro
"Jorge", eu...) a Copacabana para comprar roupas novas, e depois ao
cinema para ver Ben-Hur. Lembro-me de ver, em propagandas sobre o filme,
"soldados romanos". Acendia-se o pavor... Discuti com meu primo.
"Este filme tem Jesus"; "Tem não, é pouca coisa"; "Mas
tá aqui...", aí mostrei o folheto
(da Severiano Ribeiro) com o elenco..." tem Jesus, sim..." Bem, vimos
o filme....
De fato, foi pouca coisa de Jesus, mas o filme, pelo fato de
ser nos tempos de Cristo, me deixou mal. As cenas das mulheres leprosas me
apavoraram; Messala todo arrebentado e ensanguentado, fiquei mal... Naquela noite, não dormi. Via no
quarto, na parede, a imagem de Cristo na cruz, sofrendo... Muito medo de fechar
os olhos...
Até os 14 anos de idade era assim. Superei quando fui ao cinema
Mauá, em Ramos (ou Olaria?), ver o filme "Rei dos Reis"... Nunca mais
tive medo.
Sou cliente VAN GOGH do Santander, mas não tenho as duas
pernas, e Van Gogh só perdeu uma orelha... Eu e Aparecida rimos muito com esta
ironia bancária...
Fiquei pensando em outras situações cômicas semelhantes...
"Meu nome é Jean Caetano, sou ator, cantor e gay. Sou
cliente PICASSO do Santander."
"Meu nome é Sandra de Jesus, Sandrão, sou cantora da
MPB e lésbica. Sou cliente SAFO do Santander";
"Meu nome é Hans Gregor,
sou afinador de instrumentos musicais. Sou cliente BEETHOVEN do Santander"
Por que os deputados Chico Alencar, Jean Willys e Marcelo
Freixo, os três do Rio de Janeiro, não se manifestam vigorosamente e
publicamente contra as violações dos direitos humanos em Cuba e na Venezuela?
Gostaria de lembrar aos ilustres parlamentares que os direitos humanos são
UNIVERSAIS...
A propósito, nada a comentar sobre a manifestação na UERJ ,
dia 08/04, a favor de Maduro, ditador da Venezuela? Gostaria de ver os três
deputados se manifestando contra ela... Ou perderam a moral pra darem um pito
na rapaziada?
Se eu percebi as contradições e negaças de seu Marcelo
Freixo, imagine o PMDB do Paes e do Pedro Paulo... Se Freixo insistir, achando
que basta ser de esquerda, vai perder pro Pedro Paulo. E aí serão mais 4 anos
de calvário...
Nem Freixo, nem Pedro Paulo : CÉSAR MAIA!
JORGE, O DA VIRIATO
03/04/2015
Jorge, tenho 50 e mais alguns poucos anos, sou, acredito, pouco mais novo que você, ou bem mais, porém, isto não importa.
ResponderExcluirEntretanto peço liberdade para discordar de você, e claro que irás conceder, pois você é democrata (!?) e não 'Maduro' (Putz, esta foi terrível!).
A Semana Santa não era só aqueles filmes 'meia-boca' de Jesus.
Tinha algo esperado tanto quanto os doces do dia de Cosme e Damião:
o Judas, mermão!!!
Passar o ano ameaçando, ou sendo ameaçado, de ser o Judas do ano seguinte o do ano corrente, fazia-nos viver numa espera enlouquecida.
Solução: a gente ser o 'construtor' do Judas.
Certeza: de 'não ir para o poste'.
Esposa e maridos infiéis tremiam só de pensar num possível deslize.
Aquele (ou aquela) vizinho que teimava em furar a inocente bola que, como um imã, caía no seu quintal, com a aproximação da data, passava a devolver a redonda, muito puto, inteirinha.
O seu 'Manuel', do açougue, (em madureira, na rua João Pereira, aquela que se inicia no viaduto Negrão de Lima) que vivia nos xingando por que voltávamos para trocar a carne (embrulhada em jornal - cadê a vigilância sanitária da época) que tínhamos levado errado, virava um português educadíssimo, próximo a Semana Santa, nem se importava na troca.
Pois é, Jorge, teria muitos exemplos 'bons' para vibrar com a aproximação deste feriado. Mas a 'vingança' era uma das mais esperadas.
E, se no dia seguinte, aquele vizinho FDP voltasse a furar a bola, sem problemas! Bastaria um cartazinho no portão da casa dele trazendo a lembrança do poste.
E olhe que, naquele tempo, máquina fotográfica era artigo de magnata.
Filmar, então, nem pensar.
Tudo ficava gravado no POSTE!
O Youtube da época.
Obrigado por sua participação. De fato, havia os "judas", mas o horror era tudo que se referia a Jesus e crucificação.
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