A ÁRVORE DE NATAL
Dom Marcos Barbosa
Programa
"Encontro Marcado" levado ao ar pela Rádio Jornal do Brasil em
15/12/86
Muitas pessoas fazem (sobretudo aos padres) a pergunta de como
nasceu a árvore de Natal. E muitos não saberão responder com
exatidão, pensando ter acontecido com a árvore o mesmo que se passou com o ovo
da Páscoa.
Símbolo de fertilidade e de vida nova entre os pagãos, o
ovo foi tomado como símbolo da vida nova trazida pelo Cristo ressuscitado, que
sai do túmulo como o pintainho , na alegria da Páscoa. É o caso de um folclore
pagão batizado pelos cristãos que lhe deram novo conteúdo.
Ora, não foi o que aconteceu com a árvore de Natal que
já nasceu cristã, como Nossa Senhora, que não precisou de batismo... Pois a
árvore de NATAL nasceu da fusão de dois ritos populares surgidos no
seio das famílias cristãs.
O primeiro desses ritos é a árvore de Adão e Eva; o
segundo, a pirâmide de Natal.
Adão e Eva são comemorados como santos no
calendário das Igrejas orientais, e a sua devoção espalhou-se também pelo
Ocidente, sobretudo na altura do ano mil que está longe de ser um ano de pavor
como pretendem versões posteriores... A Igreja latina, embora não tenha
oficializado esse culto aos primeiros pais, permitiu, no entanto, que o
mesmo se expandisse entre o povo. O que se fez rapidamente, pois eram muito
comuns na Idade Média os nomes de Adão e Eva.
Assim os homônimos de ambos passaram a consagrar-lhes a
vigília do Natal, que sugeria justamente o fim de uma era (o Pecado ) e o
começo de outra (a Redenção). Entre as homenagens prestadas aos primeiros pais
surgiu, no século XVI, o costume de erguer-se dentro de casa, uma árvore do
Paraíso. Como isto tudo se passava na Alemanha, o jeito foi pendurar num
pinheiro, única árvore que resiste ao inverno, as maçãs que guardavam para
isso.
Ora, ao lado desse costume, ligado portanto a Adão e Eva
e a vigília do Natal, havia outro, ligado ao Cristo e a própria festa do Natal.
Consistia esse costume em acender-se velas (hoje iluminamos as ruas) para
mostrar que chegara o Cristo, luz do mundo. Essas velas eram frequentemente suspensas
num tronco de modo a formarem uma pirâmide de pontos luminosos , a cuja base se
colocara o presépio (já introduzido por São Francisco de Assis ) e em cuja
ponta se alçava uma estrela.
Assim, era quase impossível que os dois símbolos não se
fundissem num só, sendo o símbolo de pecado absorvido pelo da graça, e o do
velho Adão absorvido pelo de Jesus. A árvore do pecado se tornava a árvore da
Vida, que também existia no Paraíso, e da qual o homem não pode comer após ter
colhido o fruto da árvore do Bem e do Mal. As maçãs se transformaram em bolas
para mostrar as crianças (e não só às crianças) a alegria e a doçura que o
Salvador trouxe aos homens...
Tendo visto como nasceu, vejamos como cresceu a árvore de
Natal, a ponto de atravessar os mares e chegar até nossos dias.
No século XVIII ela se propagara como um bosque , por
todo o sul da Alemanha, alastrando-se depois por todo o país no século XIX,
logo adotada pelos povos eslavos. Sabe-se exatamente quando brilhou na
França a primeira árvore de Natal: a Princesa Helena de Mecklembourg,
tendo se casado como Duque de Orleans , leva para a França aquela
árvore, como a Rainha, sua homônima, Santa Helena, trouxera de Jerusalém o
madeiro da Cruz...
A árvore de Natal deve merecer dos fiéis todo o carinho.
Ela é o próprio Cristo, com sua luz, seus frutos, sua
alegria, suplantando o pecado e a treva.
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Texto de D. Marcos Barbosa
Programa "Encontro Marcado" levado ao ar pela
Rádio Jornal do Brasil em 15/12/86
O costume da Árvore de Natal é atribuído a
Marinho Lutero, líder protestante que iniciou a rebelião contra a Igreja
Católica Apostólica Romana.
D. Marcos Barbosa não o menciona por motivos óbvios...
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O programa "Encontro Marcado" era transmitido diariamente às 6h da manhã pela Rádio Jornal do Brasil. O apresentador , Dom Marcos Barbosa, era um monge beneditino, poeta e escritor. Foi membro da Academia Brasileira de Letras. Nascido em 12/09/1915, em Minas Gerais, veio a falecer em 05/03/1997, no Rio de Janeiro
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