segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

HOMENS PODEM ENGRAVIDAR



HOMENS PODEM ENGRAVIDAR.

Mantida em sigilo durante uma década, a Universidade de Cambridge anunciou a possibilidade de os homens engravidarem. Segundo o Doutor Winston Jarmust, ainda faltam alguns dados, mas a convicção de que os homens podem gerar filhos tais quais as mulheres é irretorquível.

O sigilo foi mantido por questões éticas. Muitos cientistas britânicos consideravam um mal provocar tamanha revolução na natureza humana. Grupos religiosos influentes, sobretudo a Igreja Anglicana, não foram receptivos inicialmente, mas , com o avanço e solidez das pesquisas, reconsideraram e deram sua bênção.

Segundo o Doutor Winston Jarmust, o grande nó da questão foi superado: a criação de um útero masculino. Não entrando em detalhes técnicos, o cientista afirmou que seria a colocação de uma bolsa na cavidade abdominal; o restante seria suprido com doses de hormônios e alguns fármacos necessários. Só não foi possível exibir o primeiro homem grávido, porque o voluntário fugiu com uma enfermeira , depois de engravidar outra.

Ganhou impulso a pesquisa porque a Rainha Elizabeth deu todo apoio. Segundo fontes do Palácio de Buckingham, a soberana sentiu-se confortada pela possibilidade de um homem da realeza gerar um filho sem os problemas e escândalos e mexericos advindos de uma futura noiva escolhida. Segundo a mesma fonte, se a descoberta tivesse ocorrido há 3 décadas, o Príncipe Charles não teria passado pelos dissabores com a Lady Di.

Grande repercussão teve a descoberta nos meios feministas. As mais radicais criaram o slogan "They will see now" (Agora eles vão ver), alegando que finalmente os homens iriam passar por tudo que atormenta as mulheres durante a gravidez. Mais ainda: para as radicais, seria a oportunidade de os homens perceberem o quanto o mercado de trabalho é hostil para com as grávidas. As feministas moderadas também ficaram contentes: os homens grávidos seriam mais colaborativos com as esposas e mulheres em geral.

Entre os homens, ao que parece, a novidade foi bem recebida. A gravidez masculina seria uma forma de se evitarem as agressões insultuosas das feministas, além de expor a fragilidade dos machos colocando-os em pé de igualdade com as mulheres: não seriam elas apenas o sexo frágil.

Artistas e escritores viram a possibilidade de militarem segundo os cânones do politicamente correto. Atores jovens fizeram questão de se dizerem mães. "Sinto as dores de dar à luz um novo ser", disse o jovem ator inglês Christopher Hammer. "Seria uma bênção colocar no mundo um salvador por mim mesmo e não através das dores de uma jovem mulher", acrescentava o seminarista John Street, católico piedoso e Mariano por convicção. "Solidarizo-me com as mulheres neste momento sublime da última flor do Lácio", disse Antonio Diniz, jovem poeta português bissexto que confundia Olavo Bilac com Fernando Pessoa. "Cem anos de solidão separam a mãe e o pai", disse o escritor latino Gabriel Velasquez, após beber rum misturado com limão. Este latino acabou preso arruaça e bebedeira. "Finalmente, obterei um lugar sentado no metrô cheio", afirmava o poeta neozelandês bissexto que nunca conheceu o metrô do Rio de Janeiro.

A possibilidade de um homem parir um bebê também encontrou resistência das feminazis, digo, das militantes mais ativas do feminismo. "Como se não bastasse o machismo, os homens se apropriam da maternidade nos relegando a segundo plano", afirmava Jandira Tigre, jogadora de futebol. "Homens grávidos terão preferência nas filas, transformando em pó nossa luta pela igualdade", protestava Ana da Silva, deputada de um partido que se dissolveu por falta de eleitores. Não obstante esta oposição, a gravidez masculina foi bem recebida __ de modo geral, as feministas viram a igualdade de gêneros na sua plenitude histórica.

"Sou mulher, me sinto mulher e não sou gay", proclamava uma jovem dragqueen numa passeata LGBT,  tendo sido muito aplaudida. "Agora, poderemos entrar nos fraldários dos shoppings sem constrangimento"; "já posso entrar no banheiro feminino com mamãe, mesmo sendo adolescente, pois a gravidez me empodera enquanto igual às mulheres", relatou Renato, dirigente do Grêmio Estudantil do Colégio Pedro II. "Os dias de machismo acabaram." "Podemos voltar a dizer 'homicídio', pois podendo gerar um filho no ventre, o feminicídio deixa de ser uma exclusividade cruel das mulheres, porque  agora não há mais 'periculum in mora', conforme asseverou um estudante de Direito que matava aulas sistematicamente,mas era muito inteligente.

Integrantes do Movimento Fora Temer fizeram um vídeo sob o tema "Não quero ser mulher, EU SOU MULHER!", com mais de 1 milhão de visualizações em um único dia. No quadro final do vídeo, todos os homens disseram em uníssono: "Como mulheres iremos para Vênus!"

A euforia deu lugar, no entanto, a uma forte preocupação. Os médicos ainda pesquisavam sobre o caso de parto cesariana. Segundo eles, a única possibilidade de realizar um parto cesariana num homem seria cortando o pênis e os testículos. Não tinha jeito, não havia outra solução...

Durante meses poetas, escritores, artistas e intelectuais postaram na internet manifestos jurando que jamais lhes passara pela cabeça serem como mulheres. Unanimemente defenderam a sua condição de machos, desculpando-se de querem se apropriar do espaço físico que a natureza reservou à mulher. "A mutilação da genitália", disseram num abaixo-assinado, "é uma medida machista e merece o repúdio de homens e mulheres__ além de ser uma grande perda."

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