CRÔNICA DE UM ENCONTRO (2005)

O texto abaixo estava esquecido num blog que criei, tentei levar adiante, mas acabei desistindo.Vale a pena lê-lo dez anos após o fato.

CRÔNICA DE UM ENCONTRO (2005)

Domingo, Dezembro 18, 2005

Posted 6:51 PM by JORGE LUIZ SILVA SANTOS

No dia 8 de dezembro de 2005, realizou-se no Hotel Flórida, Flamengo, Rio de Janeiro, o 1º ENCONTRO DOS CONSELHOS DE REPRESENTANTES REGIONAIS DA EDUCAÇÃO. O que se segue não vem sob a égide de "relatório" , termo geralmente eivado de burocracia e formalismo. Preferi "crônica" porque se trata de contar o que vi e ouvi__ sim, apenas o que vi e ouvi, pois houve momentos em que tive que me ausentar para me entregar a tarefas pessoais e instransferíveis ( se é que me entendem...). Apesar de descartados burocracia e formalismos , esta crônica pretende ser a expressão da verdade . JORGE, O DA VIRIATO

Hotel Flórida. Foto de 2014. (Google Maps)

1. DO AMBIENTE.

Foi no Hotel Flórida, no Catete, Rua Ferreira Viana, 81, cobertura, Salão Tropical. De lá de cima, na varandinha cheia de mesinhas com guarda-sóis e até uma piscina onde ninguém se atreveu a nadar, via-se o Palácio do Catete, outrora sede da Presidência da República.

Ao chegar, já estava posta a mesa farta com quitutes gostosos e sucos e cafezinho. Não sei se havia leitinho. Água mineral também marcava sua presença. Um cartaz do encontro tinha o nome de todos os participantes. O meu estava lá , "JORGE LUIZ " , nome que só se conhece em meus documentos oficiais e oficiosos... Reclamei de mim para mim nome e cognome ( "JORGE, O DA VIRIATO" ) , mas, bem... ninguém é perfeito.

Antes de subir para o referido andar, reparei no quadro ao lado da recepção uma inconveniência. Lá estava: SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Pedi à moça para modificar. Foi modificado...

O almoço foi realizado no restaurante do hotel. Estava cheio porque não éramos o único grupo. Um dos outros que notei foi de um pessoal vestido de camiseta branca, parecendo sacerdotes de alguma religião esotérica; em verdade, acho que eram da Petrobrás, apesar de na camiseta vir escrito "ATLANTIC"...

O sistema era self-service com muita carne de boi, de porco, de peixe e de galinha. Comi de todas. Muito doce também __ teimoso, me regalei apesar de diabético.

2. DO ENCONTRO PROPRIAMENTE DITO

O evento foi aberto pela Senhora Secretária Municipal de Educação, Professora Sonia Maria Correia Mograbi, que agradeceu a presença de todos. Em sua fala, a Secretária destacou que o Prefeito César Maia, ao assumir em 2001, pediu para que cada secretário elaborasse um projeto para suas respectivas secretarias; no caso da SME o projeto seria o da REPRESENTATIVIDADE. Em seguida, números musicais com uma orquestra de cordas composta de alunos da Rede Municipal de Ensino, do violino ao contra-baixo.

No primeiro momento do encontro estava prevista a palestra da Professora e Psicóloga Vera Lucia de Souza. Acabou não acontecendo. Em seu lugar tivemos a grata surpresa da presença do Senhor Prefeito Cesar Epitacio Maia, que, tinha dito, daria uma passadinha e acabou ficando a manhã inteira. Foi ótimo __ o Prefeito abriu o microfone para quem quisesse se manifestar, esclarecendo algumas coisas e encaminhando outras.

Mas antes de entrar na fala do Prefeito, dois momentos têm que ser ressaltados. Um deles foi a presença do "Gabrielzinho", deficiente visual conhecido por todos, aluno da Escola Municipal Gaspar Vianna, 5ª CRE, que cantou alguns números e deu um show de improviso. O outro momento foram dois alunos, também com deficiência, se não me engano da Escola Municipal Azul e Branco, do projeto de uma padaria na escola. Os produtos da mesma foram lá mostrados; os garotos demostraram desenvoltura e , sobretudo, de que é possível se fazer alguma coisa por este tipo de aluno. Acredito eu que o ceticismo de muitos quanto aos resultados de uma EDUCAÇÃO INCLUSIVA possa se modificar ao contemplar aqueles exemplos. Palmas para a Rede Municipal de Ensino da Cidade do Rio de Janeiro e, em especial, para todos os colegas que trabalham com aqueles alunos: postergo-me a seus pés...

Ainda sobre alunos presentes ao encontro, destaco um menino, rapazinho, exímio no violão. Nome: Daniel ? Rafael ? Não me lembro... Escola onde estuda ? Também não lembro... Daniel ou Rafael, vi ali um talento que, bem trabalhado, não ficará devendo, no futuro, aos mestres daquele instrumento. O GURI TOCA PRA CARAMBA !

Outro momento que não se pode deixar de registrar foi a apresentação do CORAL SEMEANDO. Cantaram , entre outras, "IMAGINE" de John Lennon , aliás bem a propósito porque naquele dia fazia 25 anos que o ex-Beatle fora assassinado. De entremeio com a apresentação do coral, o maestro tentou reger as vozes do auditório. Mais ou menos... os cantores eram bem razoaveisinhos. E por falar em coral, não posso deixar de registrar algo bem pessoal: quem me conhece sabe de minha voz "maviosa" e me foi sugerido participar do coral... ( É mole ? ).

Na parte da tarde, a Professora Débora Dias Gomes deu sua palestra sempre competente, consubstanciando o tema do encontro, a representatividade.

Acho que faço bem em destacar o que o Prefeito falou. Muito tem a ver conosco, da Educação, e com a Administração Pública em geral.

Quanto à Administração Pública em geral, o Prefeito explicou a essência da coisa: custos. Muita coisa pode e deve ser feita, mas há de se atentar para o custo. Citou o caso das ambulâncias do SAMU : com elas viriam motoristas, funcionários de enfermagem, médicos; a manutenção das mesmas; a operacionalidade das mesmas, visto que aqueles funcionários tiram férias, ficam doentes etc. Tudo isto tem um custo e a Prefeitura não pode arcar com uns gastos e ignorar outros. Ainda sob a Administração Pública em geral, o Prefeito deu a entender que há algo de errado em praticamente a Prefeitura arcar com as despesas do Estádio Olímpico. O evento, os Jogos Panamericanos de 2007 , é sediado na Cidade do Rio de Janeiro, mas ele tem um caráter nacional. Como uma Olimpíada, segue-se a tradição de estar baseado numa cidade ( ao contrário, digo eu, das Copas do Mundo em que o referencial é o país ). Reforçando o argumento, citou as Olimpíadas de Atenas: foi a muncipalidade de Atenas que pagou aqueles custos milionários? Será a municipalidade de Pequim que, sozinha, vai gastar para a realização das de 2008 ?

O Prefeito destacou que recebe e responde e-mails, observando apenas para que sejam respeitosos e deixem sua mãe em paz...

Na área da Educação, a propósito da pergunta de uma professora aposentada, reconheceu que a gratificação recentemente paga não contemplou alguns casos. Aqueles professores com mais de 25 anos de exercício não receberam uma gratificação proporcional a um tempo maior. Prometeu rever.

Comentou o Prefeito de alguns avanços na Adminitração Pública, particularmente os mecanismos de controle interno. Faz diferença, segundo ele, o exame de um processo por um subordinado ao secretário e por um funcionário mais independente. Um processo oriundo da Secretaria X é distribuido aleatoriamente para ser examinado por um auditor ou procurador sem que este tenha nenhuma vinculação com aquela Secretaria. Em outras esferas governamentais e outros países até, o auditor ou procurador é nomeado pelo secretário/ministro etc e sua tarefa é, muitas vezes, "consertar" situações... ( Aqui , digo eu, está se aplicando o princípio da "impessoalidade" constante da Constituição e da Lei Orgânica ).

Uma boa forma de se avaliar a Rede Pública de Ensino, segundo o Prefeito, é por comparação com outras. Isto, aliás, já é praticado pela SME, quando alguns membros desta Secretaria e Professores Conselheiros já viajaram para outros municípios/estados. Estimulou a prática. Inclusive viagens para outros países. Citou especificamente o caso de creches do Rio comparadas com o que viu em Nova Iorque: as novas creches não ficam devendo nada em espaço físico e acomodações , embora reconheça que materiais para crianças lá empregados são de melhor qualidade.

No tocante a comparações com outros sistemas de ensino, citou São Paulo, onde a grossa maioria dos professores é contratada, CLT, não havendo o concurso público. Fez questão de frisar que realizou concursos públicos, assim que entrou em 2001, acabando com os professores e funcionários contratados.

Um detalhe na fala do Prefeito que não me passou despercebido. Posso dizer que foi uma pequena lição para todos nós detentores de cargos de chefia. O reconhecimento. O comum é o reconhecimento pelos grandes feitos, um grande projeto, uma grande iniciativa. Ensinou-nos o Prefeito ( repito, pra mim foi uma lição pra todos ) que devemos reconhecer também o bom trabalho pequeno, que muitos podem não ver mas têm sua importância.

No caso da educação, digo eu, aquele professor que se dedicou a um determinado aluno difícil em comportamento, aquele professor que teve paciência com um estudante de grande dificuldade de aprendizagem, aquele agente que colocou em ordem seus arquivos, aquele agente que se matou para fechar um bimestre do Acadêmico, a merendeira que melhorou a apresentação de um cardápio de merenda, aquele profissional que acabou com o problema de seu computador, aquele funcionário que se prontificou a dar uma olhada e consertar um problema na rede elétrica etc, etc, etc.

Também usei da palavra para fazer uma solicitação que, se atendida, beneficiará a todos nós. A conta do SDP. Nós usuários do SDP temos que, periodicamente, ir ao banco para solicitar saldos, extratos, talões, fazer pagamento de impostos etc. Se não tivermos a boa vontade de alguém lá dentro, iremos para a fila __ e que filas ! Tudo isto no horário bancário, ou seja, num momento em que não é às vezes prudente sairmos da escola; nem todos, por outro lado, têm alguém de confiança para mandar etc. Enfim, em nossa conta do SDP não gozamos dos benefícios da tecnologia à disposição, a saber, cartão magnético, internet... Por tudo isto e desta forma argumentando, solicitei do Senhor Prefeito a possibilidade de termos um cartão magnético, da mesma forma que possuímos um em nossas contas pessoais. Não seria necessariamente para o pagamento , mas, pelo menos, para , ATÉ MESMO FORA DO HORÁRIO BANCÁRIO, obtermos nossos extratos, nosssos talões de cheque , inclusive recolhendo os impostos via internet. Bem, o Senhor Prefeito considerou com interesse minha solicitação, achou que era até possível e ficou de discutir o assunto com o Secretário da Fazenda , com quem almoçaria naquele dia.

Durante minha fala, fui coadjuvado pela Professora Ilda, Conselheira também, Diretora da Escola Municipal Alziro Zarur, 6ª CRE , que bem externou nossa situação, a saber, que dependemos da boa vontade do banco: no seu caso, ela tinha um cartão do Banerj concedido pelo gerente; quando mudou o gerente, ela perdeu a cortesia. Em resumo, minha solicitação ( oxalá seja atendida ! ) é que se institucionalize uma prática e que não fiquemos dependentes do beneplácito de alguém. E aqui me permito dizer que , como gestores de fundos de uma Rede de Ensino que investe na inclusão digital, é no mínimo estranho que não sejamos beneficiários de uma tecnologia que ajuda e melhora nossas tarefas administrativas.

Num misto de informal crônica e sisudo relatório, registro a presença da Professora Rojane Dib, Subsecretária, da Professora Mariza Lomba, Chefe de Gabinete, do Professor Paulo Rezende, Assessor-chefe da AIE, do Professor José Mauro, Diretor do DGIN, da Professora Maria de Lourdes ( Lurdinha ) , Diretora do DGRH, da Professora Lucia , Diretora do DGAD, o que não quer dizer que outros dirigentes do Nível Central da SME não estivessem lá...

Registre-se também a presença das Senhoras Coordenadoras Regionais , a saber, Professora Olinda da 1ª CRE, Professora Maria Inez da 2ª CRE ( e colega de MBA), Professora Kátia Max da 3ª CRE, Professora Marcia Simões da 4ª CRE, Professora Celia Napole da 5ª CRE ( minha chefe...), Professora Maria de Nazareth da 6ª CRE, Professora Ignezita Dantas da 7ª CRE ( também colega de MBA ), da Professora Alyane Veras da 9ª CRE ( também colega de MBA ); as demais Coordenadoras Regionais também estavam lá, a saber, Professora Sperling ( só guardei o sobrenome...) da 8ª CRE e da Professora Maria das Graças Müller (guardei prenome e o sobrenome pela singularidade de ser alemão...) da 10ª CRE, ambas que só conheço de nome, mas não de vista...

A todas estas colegas coordenadoras regionais muita força na tarefa barra pesada de administrar uma CRE... Como , não gostaram do termo "barra pesada" ? Tudo bem , passemos momentaneamente para o formalismo do relatório: A todas estas colegas coordenadoras regionais muita força na ingente tarefa de coartar os óbices pesados que emergem cotidianamente em suas circunscrições.

Destaco também a presença dos meus colegas conselheiros, bem entendido, os que eu vi , não querendo dizer que os omitidos não estivessem lá... Vi a aquela diretora de óculos que é da EM Guatemala(*) ( e isto é lá maneira , Jorge ? bem, é um crônica,né...); a Professora Talma da 3ª CRE , a Professora Luiza(**), também da 3ª CRE e também colega de MBA; a Professora Jundiara(***), acho que da 8ª CRE; a Professora Ilda, decana do Conselho, da 6ª CRE; a Professora Maria das Dores, colega-conselheira da 5ª CRE; a Professora Maria Cyrlei da 7ª CRE ; a Professora Shirley também da 7ª CRE; a Professora Luzanira Scarlecio ( mama mia ! ) da 4ª CRE e também colega de MBA; a Professora Janet Haddad , da 4ª CRE, que me cutucou quando eu cochilava; o Professor Nelson da 8ª CRE ( ou 9ª CRE ? ) , também colega de MBA; Mary Zimmermann , da 2ª CRE, também colega de MBA.

Desde já peço desculpas pelas omissões porque memória não é lá meu forte. Que as omissões sejam colocadas na conta de primórdios ( caramba ! ) de senectude ( nossa!) que se avizinha; que jamais sejam entendidas como desapreço.

E, por derradeiro, esclareço que este é meu estilo. Cabe lembrar Buffon, do século XVII : " O estilo é o homem" .

Este sou eu...

Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2005

JORGE LUIZ DA SILVA SANTOS

Diretor da E.M. 05.15.018 VIRIATO CORREA

( JORGE, O DA VIRIATO )

(*) O nome da colega é Maria De Fátima Senna Ferro Costa!

(**) Luiza Maia de Medeiros, diretora da EM Ceará; hoje ela dá nome a um EDI.

(***) Jundiara era da 2ª CRE