terça-feira, 4 de agosto de 2015

ASSÉDIO IDEOLÓGICO: VITÓRIA das ANTAS?


ASSÉDIO IDEOLÓGICO: VITÓRIA das ANTAS?





E eis que está tramitando no Congresso projeto de lei que prevê prisão de professor que "falar de política" em sala de aula. Falando assim, parece cômico, mas é algo bem mais sério.

O que se quer evitar é o "ASSÉDIO IDEOLÓGICO" do aluno, uma vez que a escola (em tese) teria que ser "neutra" e o aluno deveria formar sua opinião diante das várias  que lhe seriam apresentadas pelo professor. Pela lei, a pena seria agravada, caso o "assédio" resultasse em constrangimento, em prejuízo para o aluno, como, por exemplo, reprovação. Enfim, o objetivo da lei seria "proteger o aluno" de certos professores...

Em síntese, é esta a discussão em curso no Congresso. Teriam razão os parlamentares favoráveis à medida?

Antes de mais nada, sejamos honestos: há professores que transformam suas aulas em palanques de doutrinação, tornando-se verdadeiros panfletários. E isto de maneira descarada. Não adianta negar. Eles existem, e aos montes.

Um dos objetivos explícitos da lei é evitar que as salas de aula sejam locais de doutrinação, sobretudo da Esquerda, partindo-se do princípio de que a Esquerda, vale dizer, os comunistas fazem este trabalho de base para, em longo prazo, tomarem o poder. Como (para quem sabe), as ideias comunistas são "do contra" o prevalente no status quo, é natural que sejam sedutoras à juventude. Os jovens são naturalmente contra o estabelecido e sempre tem a pretensão de mudar tudo, por bem ou por mal.

A História, neste aspecto, está do lado deles. Não existe movimento revolucionário, isto é, de mudança radical sem a participação entusiástica das novas gerações. Se não for uma simplificação, dir-se-ia que nos processos revolucionários temos os "novos" contra os "velhos". Foi assim na Revolução Francesa, na Revolução Russa, na Revolução Maoísta e até no Nazismo, pois este pretendia reerguer uma Alemanha humilhada e devolver-lhe a glória do passado: a juventude alemã se engajou, uma boa parte dela, apesar de depois ter percebido o equívoco__ mas isto é outra história.

Mas, voltando ao assunto de nossa discussão: cadeia pra professor que fizer proselitismo ou algo semelhante em sala de aula. Será que seria bom para o país? Seria bom para a Educação? Seria um refinamento da Democracia?

Apresentarei alguns casos para a reflexão do leitor.


CASO 1.

Professor de História marxista ensina dentro de sala os males do Capitalismo e aponta o Socialismo como solução para as mazelas reinantes. Segundo ele, o Capitalismo levou o horror, a miséria e a guerra para todos os cantos do mundo. O lucro é essencialmente egoísta e , por causa dele, há uma desumanização da sociedade, o que resulta em muitas tragédias cotidianas. A solução seria esmagar o Capitalismo com a expropriação da burguesia e a transferência dos meios de produção para o controle dos trabalhadores, que passariam a governar. Num primeiro momento, se estabeleceria uma "ditadura do proletariado", que seria o oposto de uma "ditadura burguesa", já que aquela seria uma etapa necessária para vencer a resistência dos antigos donos do poder, ao contrário de uma "ditadura burguesa", onde o objetivo é superexplorar os trabalhadores já por demais explorados.

Alguns alunos discordam do professor e acabam reprovados. O professor é denunciado, processado, julgado e preso.


CASO 2
Um professor de Biologia ensina o Evolucionismo, não sem dizer que é ateu e que as teorias criacionistas são lendas. Alguns alunos se posicionam contra o professor e se declaram favoráveis ao Criacionismo. Ao final do ano letivo, estes alunos ficam em recuperação e acabam reprovados. O professor nega-lhes revisão de prova.


CASO 3
Um professor acredita no Criacionismo e considera uma blasfêmia o Evolucionismo. Os alunos que aceitam o Evolucionismo acabam reprovados.


CASO 4
Um professor de Inglês faz algumas considerações favoráveis aos Estados Unidos. Alguns alunos se insurgem e o consideram um "lacaio do Imperialismo". Estes alunos sistematicamente são submetidos a provas escritas e também orais; geralmente suas notas são abaixo da média da turma.


CASO 5
Professor de Geografia dá a entender aos alunos que é contra a liberdade de expressão. Imediatamente alguns alunos reagem alegando que aquilo fere a Constituição Federal. Apesar disso, são sistematicamente bombardeados com ideias de que a imprensa é mentirosa, abusiva, e detratora da verdade.

CASO 6
Professor de Matemática declara-se a favor da privatização de todas as estatais, alegando que elas dão prejuizos e servem de cabides de empregos para os apaniguados do poder, além de serem, via de regra, ineficientes e ocasionarem rombos no Tesouro. Alunos indignados começam a chamá-lo de "fascista".

CASO 7
Um professor do PSDB faz elogios em sala de aula a Fernando Henrique Cardoso e ao Plano Real. Alunos ligados ao PT e PSOL discordam da abordagem e o criticam. Acabam ficando em recuperação.

CASO 8
Um professor do PT menciona em sala que Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve; que seus 8 anos de governo foram de prosperidade para o país. Alunos de pais do Diretório Regional do DEM colocam em xeque a afirmação do professor, sem esquecer de mencionar a corrupção do Mensalão e da Petrobrás.O professor pede à direção do estabelecimento para que expulse os alunos por indisciplina. Não é atendido. Os alunos são perseguidos e muitos acabam reprovados.

CASO 9
Professor sistematicamente cria os mais variados obstáculos para alguns de seus alunos, principalmente aqueles que são oriundos de classe média alta. Geralmente estes alunos não concordam com suas posturas políticas ou ideológicas.

CASO 10
Professor se pronuncia a favor da estatização dos bancos, e alguns alunos consideram isso um retrocesso econômico e altamente prejudicial ao país. Os alunos são suspensos das aulas por uma semana.


Todos os casos mencionados demonstram o argumento da autoridade. Criada a tal lei, dependendo do viés ideológico conjuntural, o "assédio" será contra a direita, a esquerda, o pobre, o rico, o remediado, o bom aluno , o mau aluno. Enfim, tudo dependerá das circunstãncias. Como se sentiria um aluno evangélico ou católico diante de um professor ateu que o reprovasse? Não teria base para dizer que foi assediado? E um aluno ateu diante de um professor evangélico ou católico? Não seria a mesma coisa?

Como se sentiria um adolescente de família conservadora na aula de um professor socialista? E como se sentiria um adolescente de família socialista na aula de um professor conservador? E se for reprovado? E se houver um atrito? Foi assédio ou aluno era realmente incapaz?

Se eu disser que o regime stalinista foi tirânico, cruel e genocida, a quantos não irei constranger dentro de sala? Se eu disser que os Estados Unidos covardemente lançaram bombas atômicas sobre Hiroxima e Nagasaki__ não poderei causar dor em pessoas pró-americanas? E sobre a covardia inglesa na Guerra dos Boers, falo ou omito? Se eu disser que o bombardeio de Dresden pelos Aliados na Segunda Guerra foi um ato infame__ estarei desvirtuando a juventude?

Estas são considerações atinentes à minha cadeira, História. E às demais? Não haveria também  momentos que poderiam ser caracterizados como "assédio"?

É com base em toda esta argumentação__ e que aqui não se esgota __ e que (des) qualifico este projeto de lei com uma palavra: IMBECIL!
UMA VITÓRIA das ANTAS...


         

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